Mostra de Filmes (MF)
1ª sessão:
Dia 27/10, terça-feira, das 20h00 às 22h00. Sala 5 - Anf. Caxambu – Hotel Glória
- Naufrágio
De Alex Vailati (UFSC) e Matias Godio (UFSC), 2014 52 min. Florianopólis/SC.
Sinopse: Este documentário reconstrói a vida e trajetória do docente e militante social, Vilson “Neto” Steffen (conhecido como Professor Neto), recentemente falecido aos 60 anos na Ilha de Santa Catarina. Tendo como ponto de partida o amplo acervo de fotos e slides que ele possuía e cuidava (hoje em grande parte perdido e espalhado entre amigos e familiares), o filme percorre sua trajetória como morador, ativista e como pedagogo, em paralelo com as transformações urbanas e culturais da Barra da Lagoa, comunidade da Ilha em que se estabeleceu no final da década de 1970. Estas duas narrativas permitem discutir temas como meio ambiente, educação e juventude, mas, fundamentalmente, abordar as formas em que estes elementos são acomodados pela memória, as narrativas e os esquecimentos coletivos a elas atrelados.
- Marujo Olho Vivo
De Fernando Firmo Luciano (CINES/UFBA), 2014, 13 min. Salvador/BA.
Sinopse: No primeiro domingo de setembro, Dona Dadá, proprietária de um bar-restaurante na Feira de São Joaquim (Salvador-BA), realiza a Festa do “Marujo Olho Vivo”. Em 2014 este festejo completou 20 anos. Neste dia o povo de santo se reúne no “Bar de Dadá” e percorre becos, vielas da feira com o presente do Marujo, entidade que ela recebe. Feito a obrigação inicia-se um samba de viola no bar. Marinheiros ou Marujos trabalham na linha de Iemanjá e Oxum (povo d'áqua), e trazem uma mensagem de esperança e força: agem como guias que nos incentivam a desbravar o desconhecido. São brincalhões, bebem e fumam muito durante os trabalhos. Por isso, sua evocação não é frequente. Marujos são destruidores de feitiços, ajudam a cortar o embaraço dentro de um templo ou casa. Nunca se oferece a eles coisas do mar, pois marujos consideram que possuir objetos pertencentes ao mar traz má sorte, a exceção de búzios (que não consideram adornos, e sim, símbolo de dinheiro). Caminham malemolentes, como se estivessem mareados. Pede-se a eles que nos protejam nas viagens pelo mar.
- A culpa é das estrelas: a manifestação
De Helcimara de Souza Telles (UFMG) e Regina Helena Alves da Silva (UFMG), 2015, 23 min. Belo Horizonte/MG.
Sinopse: “A culpa é das estrelas: a manifestação” é o curta metragem produzido pelos grupos de pesquisa Opinião Pública e Centro de Convergência de Novas Mídias, ambos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a partir dos principais resultados da pesquisa Perfil ideológico e atitudes políticas dos manifestantes de 12 de abril em Belo Horizonte e de entrevistas realizadas no dia da manifestação. As imagens foram registradas na Praça da Liberdade, onde os manifestantes se reuniram a partir das 10h, e na Praça da Estação, para onde se deslocaram a partir do meio dia. O objetivo central do vídeo é apresentar uma visão mais aprofundada acerca das pessoas que estiveram presentes na manifestação de 12 de abril na capital mineira, oferecendo ao espectador nuances que uma pesquisa quantitativa não permitiria captar. Qualquer um que tenha acompanhado as convocações para os protestos que têm acontecido em 2015 no Brasil conhece o viés antigovernista de tais atos. Mas a diversidade de opiniões encontrada nas entrevistas evidencia que os manifestantes não compõem um grupo homogêneo, tampouco foram às ruas apenas para reivindicar o impeachment da presidente.
Debate com os autores.
2ª sessão
Dia 28/10, quarta-feira, das 19h30 às 21h30. Sala 5 - Anf. Caxambu – Hotel Glória
- Rosário Negro
De Cécile Chagnaud (UFRN) e Julie Cavignac (UFRN) , 2015, 49 min. Jardim do Seridó/RN.
Sinopse: O filme foi realizado durante o evento comemorativo dos 150 anos da Festa de Nossa Senhora do Rosário e de São Sebastião nos dias 30, 31 de dezembro de 2013 e 01 de janeiro de 2014 em Jardim do Seridó, no sertão do Rio Grande do Norte. Retrata a fé dos irmãos do Rosário, a organização das famílias que participam anualmente da festa, em particular os quilombolas da Boa Vista. Conta a importância da irmandade, da dança e da festa na transmissão da história e na valorização da cultura afrobrasileira e no combate à discriminação. O documentário é resultado de pesquisas e ações de extensão desenvolvidas desde 2008 no Seridó potiguar por pesquisadores e alunos da Universidade do Rio Grande do Norte. Faz parte do conjunto de dados e produtos audiovisuais disponibilizados no museu virtual do Programa PROEXT-SESU - Tronco, Ramos e Raízes (Ministério da Educação) [http://tronco.museuvirtual.info/apres...].
- Territórios do Torcer
De Bernardo Buarque de Hollanda (CPDOC/FGV-RJ), Thaís Blank (CPDOC/FGV-RJ) e Isabella Jannotti (CPDOC/FGV-RJ). CPDOC /FAPESP, 2015, 30 min. Rio de Janeiro/RJ.
Sinopse: Editado pela equipe do Núcleo de Audiovisual do CPDOC, “Territórios do Torcer” acompanha os depoimentos de líderes de torcidas organizadas da cidade de São Paulo. O enredo articula três tópicos do universo associativo dos torcedores de futebol: 1. As torcidas e sua territorialidade, com referências à presença dos subgrupos nos bairros e nas diferentes regiões da cidade, o ritual de reunião nos dias de jogo, os deslocamentos urbanos, as caravanas, a passagem pela sede e os itinerários até o estádio; 2. As torcidas e a violência, tema incontornável do debate público, em que se aborda a dinâmica das brigas, a lógica das rivalidades, as amizades, as alianças, a relação com a polícia, os casos mais graves de incidentes fatais, além do impacto do estigma e a possibilidade de sua reversão na ótica dos entrevistados; 3. As torcidas e o associativismo das Escolas de Samba, onde os depoentes narram como as torcidas se tornaram atuantes no carnaval de São Paulo – caso único no Brasil –, sua organização, o histórico das agremiações carnavalescas derivadas de torcidas de futebol, a sociabilidade acionada para além do mundo futebolístico, a relação com a liga das escolas de samba e com as emissoras de TV e, por fim, o modo pelo qual o samba pode influenciar positivamente a imagem das facções torcedoras.
- As máscaras
De Nilo De Lorena Almeida (UFBA) e Murilo Souza (UFBA), 2015,7 min., Nilo Peçanha/BA.
Sinopse: Na véspera de finados, o cortejo dos caretas sai pelas ruas da pequena cidade. Com um ar de mistério ao som dos búzios e as batidas de enxada ouvidas de longe, as máscaras carregam o culto aos antepassados, uma herança preservada ao longo dos tempos, que constitui o imaginário presente na cidade de Nilo Peçanha. O mistério alimenta o espanto provocado pelas máscaras, por uma vertente e, por outra, pelo colorido tropicalista e psicodélico desse caleidoscópio afro-brasileiro, embalado por uma hipnótica massa sonora, resultante do sopro dos búzios e do bater de enxadas e tambores. As falas parecem fazer parte de uma estratégia de sobrevivência e preservação porque fermentam o mistério. Ou tem medo e – talvez por isso - não cede à tentação fácil de arvorar-se a desvendar seus insondáveis mistérios. Ao escapar dos lugares-comuns da pesquisa acadêmica, As máscaras de Nilo opta por uma narrativa construída por depoimentos carregados de reflexões identitárias e imprecisões históricas de quem faz e vive a imaterialidade desta expressão da cultura popular do Baixo Sul baiano.
Debate com os autores.
3ª sessão
Dia 29/10, quinta-feira, das 9h00 às 11h30. Sala 5 - Anf. Caxambu – Hotel Glória
- A galera
De Otávio Raposo (Iscte/UFRJ), 2015, 54 min., Rio de Janeiro-RJ e Lisboa (Portugal).
Sinopse: Era na Maré que viviam e ensaiavam os dançarinos de um dos mais importantes grupos de break dance do Rio de Janeiro. Os jovens reuniam-se numa antiga fábrica abandonada, a Tecno, onde criavam performances e sociabilidades que os unificavam em torno de um mesmo coletivo. Tornar- se um b-boy ou uma b-girl (dançarino e dançarina de break dance) tinha um significado especial na sua vida. Através dessa nova identidade, obtinham respeito e visibilidade e contrariavam as imagens estigmatizantes a que eram frequentemente associados, por morarem em favelas e pertencerem a uma classe social desfavorecida. Ao circularem por outras regiões da cidade, para participar de campeonatos de break dance, projetavam com orgulho a imagem do seu bairro, reafirmando, através da linguagem corporal, que os seus moradores também tinham qualidades. Assim como na pesquisa de doutorado em Antropologia de Otávio Raposo, na qual está baseado, este filme parte do estilo de dança para conhecer o quotidiano dos jovens dançarinos. Ao percorrer ruas e vielas de um aglomerado de dezesseis favelas e mais de 140 mil habitantes, entramos nas suas casas, participamos de suas festas, visitamos os seus locais de trabalho e somos apresentados às suas famílias. Este é o cenário da galera do break da Maré.
- Nuvens de veneno
De José Roberto Novaes (Fiocruz), 2013, 26 min. Rio de Janeiro/RJ.
Sinopse: O documentário registra os impactos do uso intensivo de agrotóxico pelo agronegócio de grãos na saúde coletiva, na saúde dos trabalhadores em meio ambiente nos municípios de Lucas do Rio Verde e Campos Verdes, estado de Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos e maior consumidor de agrotóxico do Brasil. O roteiro para a produção do “Nuvens de veneno” teve como base a pesquisa acadêmica realizada pelo professor, Dr. Vanderley Pgnati, da Faculdade de Medicina da UFMT. Os resultados desta pesquisa evidenciaram elevados índices de contaminação das águas e do ar pelo uso intensivo de agrotóxico nas lavouras de grãos, soja, milho e algodão trazendo serias consequências para a saúde publica (mudanças no perfil das doenças na região, aumento da incidência de câncer, de doenças respiratórias e neurológicos) e para o meio ambiente. Este documentário ao trazer estes elementos para a reflexão coloca em cena o modelo de desenvolvimento agrícola implantado no país.
- Limpando a área
De Parry Scott (UFPE) e equipe de FAGES/UFPE, 2014, 17 min. Recife/PE.
Sinopse: A equipe da pesquisa Uma Arena para Pernambuco: impactos e avaliações de promotores, vizinhos, beneficiados, atingidos, financiada pelo CNPq – Capes vem acompanhando desde 2012 os diferentes impactos gerados com as etapas de construção e uso da Arena Pernambuco e da Cidade da Copa e ouvindo diversos atores e instituições envolvidas. O vídeo Limpando a Área é um dos resultados desta pesquisa e vem apresentar os diferentes discursos em torno das desapropriações realizadas no Loteamento São Francisco, município de Camaragibe – Região Metropolitana do Recife , para a construção do Ramal da Copa, considerada a principal via de acesso ao município de São Lourenço da Mata, onde está localizada a Arena Pernambuco. O vídeo articula os diferentes discursos dos agentes do Estado, de atores políticos e dos moradores do Loteamento São Francisco sobre os projetos de construção da Arena e das obras de mobilidade, as desapropriações e a luta pelo direito à moradia. Na fala de um dos agentes do Estado, o local é visto como “área não utilizada, com destino socioeconômico zero, não ocupada”. Para os moradores, o território se apresenta como base de relações de solidariedade e de afeto, fonte de vínculos familiares e sociais. O processo de desapropriação é o ponto central do vídeo, de ontem se pode acompanhar o processo de preparação do Estado de Pernambuco para o megaevento da Copa das Confederações e da Copa do Mundo de 2014. Os diversos relatos, imagens, entrevistas, reportagens utilizados como fonte, foram coletados desde 2013 até o período da Copa, em 2014. Como ocorreram as desapropriações para as obras de mobilidade para a realização da obra do Ramal da Copa? Qual o legado dessa obra para a população? Essas são perguntas que se colocam a partir desse vídeo. Debate com os autores.