Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
(Carlos Drummond de Andrade, "A falta de Erico Verissimo", Discurso de primavera e algumas sombras (1977))
Onde carros são incapazes de atropelar, cobras não mordem, crianças anãs, sardentas, aprendem a conviver com as diferenças, todas carecas, um olho preto e o outro azul? Idealizado por Graciliano Ramos em 1937 ao sair da prisão, com o inferno nos olhos e a cabeça raspada, tal mundo foi o céu, mesmo efêmero, de Raimundo Pelado, que sofria caçoadas por ser diferente. E quem deu a público em livro A Terra dos Meninos Pelados (Ramos, 1939), pela editora Globo, foi Erico Verissimo, que, além de romancista, atuou como editor, também tradutor, professor, palestrante e burocrata da diplomacia (diretor do Departamento Cultural da União Pan-Americana).