A Literatura Comparada e a ilusão do multiculturalismo
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EM 2000, a Associação Internacional de Literatura Comparada (ICLA) convocou sua assembléia trienal em Pretória, na África do Sul. O tema do congresso era "Os Caminhos do Multiculturalismo". Já mesmo em sua fa-se de organização, eu estava desconfiada desse tópico. Nas instituições acadêmicas dos Estados Unidos, o termo "multiculturalismo" é suspeito; contudo, como qualquer número de outros "ismos", ele significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Eu sentia que, para a ICLA, tanto melhor que ela estruturasse seu congresso em torno de um tema que, embora desacreditado nos círculos acadêmicos nos Estados Unidos, pudesse evocar conotações positivas em outros lugares. As tendências americanas, pelo menos, não iam dominar essa conferência. Nos Estados Unidos, o "multiculturalismo" se tornou uma palavra pretensamente técnica para os administradores da universidade. Ela está repleta de conotações politicamente vantajosas para as estruturas burocráticas que cortejam uma imagem de diversidade. Eu estava curiosa do que essa palavra significava em outros contextos acadêmicos. No congresso da ICLA, aprendi que, embora não fosse um termo que servisse de alvo para a zombaria, o sentido do multiculturalismo era igualmente vago em outros ambientes, não sugerindo geralmente mais do que diversidade.
- Dorothy Figueira
- Artigo
- ISSN 0103-4014 versão impressa / ISSN 1806-9592 versão On-line
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