Leishmanioses: sua configuração histórica no Brasil com ênfase na doença visceral nos anos 1930 a 1960
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Casos pioneiros de leishmaniose cutânea e mucocutânea nas Américas foram descritos em São Paulo, em 1909; somente
em 1934, um patologista do Serviço de Febre Amarela encontrou a leishmaniose visceral no Brasil. Processos históricos
concernentes a essas formas ganharam mais vigor institucional nos anos 1930. Se a Comissão para o Estudo da Leishmaniose
consolidou o conceito de leishmaniose tegumentar americana, a Comissão Encarregada do Estudo da Leishmaniose
Visceral Americana, chefiada por Evandro Chagas, deu origem ao Instituto de Patologia Experimental do Norte (1936) e
ao Serviço de Estudo das Grandes Endemias (1938). A leishmaniose visceral ganhou crescente relevância no Nordeste
brasileiro, nos anos 1950. Medidas de controle dos vetores por Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) ocorreram a
reboque da campanha contra a malária, direcionadas também a cães, sacrificados massivamente, e humanos, tratados com
drogas antimoniais. Grandes empreendimentos no interior do Brasil após o golpe civil-militar de 1964 transformaram a
leishmaniose cutânea e mucocutânea em um problema sério na Amazônia e em outras regiões. No Brasil e em outros
países, todas as formas de leishmaniose supostamente sob controle reemergiram em zonas rurais e urbanas e em áreas
consideradas livres desse complexo de doenças endemoepidêmicas, devido a mudanças ambientais, migrações humanas,
crescimento urbano caótico e outros processos socioeconômicos. - Jaime Larry Benchimol | Frederico da Costa Gualandi | Danielle Cristina dos Santos Barreto | Luciana de Araujo Pinheiro
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